03 março 2010

I.

Hoje recordei-me de ti como à muito tempo não te recordava. Julgo até, como nunca te recordei desde que as vidas se afastaram.Chamarei saudade à sensação que me invadiu assim, sem mais nem menos, esta noite.
Estava a meio de uma aula e a professora disse-nos que fazia investigação no ISCTE. Desde esse instante, sabendo como mas não entendendo bem o porquê, não me sais-te do pensamento durante as duas horas da aula ,acabando por trazer-te comigo para casa, esta noite.
Bolas, foi profunda esta saudade, teve a intensidade daquilo que nunca consegui pôr contigo, ou talvez seja melhor dizer, em ti.
Pensei na vida que levas hoje, embora não saiba quase nada, ainda sei um pouco e pensei igualmente em mim, na vida que levo. Uma coisa têm em comum: são o reflexo das escolhas vincadas que fomos fazendo ao longo do caminho.
Percebi o quanto és bonita e o que a minha vida poderia ter sido se na altura fosse o "timing", o nosso "timing". Mas não era.
Não me arrependo de nada. A intensidade que faltou em nós, sei que foi falha minha, mas era assim que tinha que ser, na altura, canalizei-a para outras coisas, outros voos, outras prioridades, que a bem da verdade me congratularam com momentos muito, muito felizes. Foram as minhas escolhas. Não conseguia dar mais. Do coração.
Hoje tu és uma mulher "casada" e feliz, livraste-te dos teus fantasmas e vejo que constroís a tua vida tal e qual como a desejavas e eu fico feliz por ti, por te saber assim, porque tu mereces. E eu sei do que falo...
Eu nunca te poderia dar o que tu realmente procuravas. Não naquela altura.
Sendo eu hoje uma mulher mais madura, apetecia-me muito dizer-te que feliz é a pessoa que te tem a seu lado, porque tu, és incrivelmente bonita. E eu nunca tive a sensibilidade para to dizer... sempre soube, sempre te tentei explicar que sabia disso, mas na altura faltava-me a vida, aquela que só se aprende vivendo. E eu vivi-a para chegar até aqui, para te conseguir trazer para casa com todas estas certezas, esta noite.
Não imaginas o orgulho que tenho nisso, sempre soube que eras especial e até aqui custava-me um pouco não entender porque não conseguia sentir isso dentro dentro de mim.
Hoje eu sinto I. E tenho saudades tuas. Saudades daquilo que não cheguei a ver, que não cheguei a descobrir e que não deixei que descobrisses.
Sei que entre o aqui e ali também espreitas a minha vida e pode ser que um dia destes, quando as nossas vidas tropeçarem uma na outra e se eu sentir que devo, saberei escolher as palavras certas.
Não te amo, nunca te amei, não te quero, mas se esta noite, quem sabe, me cruzar contigo num sonho bonito, foge...

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