2ª Feira, quando cheguei a casa após um dia árduo de trabalho e depois de um treino de hora e meia,exausta, deitei-me e liguei a televisão. Ainda consegui acompanhar um pouco da 1ª parte do debate em questão e a totalidade da 2.ª. Lembrei-me de uma namorada que tive em tempos, podia ser um namorado, mas não, foi de uma namorada. Lembrei-me que discutíamos na altura o direito do casamento homossexual e da adopção. Ela era totalmente a favor dos dois, com argumentos fortes, objectivos e inteligentes, já eu... não era totalmente contra, mas na altura tinha alguns (pre)conceitos muito bem formados em relação ao assunto. Discutimos por diversas vezes o assunto. Acesas sempre!
Hoje, passados alguns anos, vejo que o que eu na altura apelidava de conceitos não eram mais nem menos do que puros preconceitos. Fruto da sociedade em que me insiro e na qual fui educada.
Quem sabe por ter tido o privilégio de ter a uma boa educação sempre tive tendência para gostar de pessoas inteligentes, com raciocínios argumentativos e construtivos e com valores e princípios morais adequados às necessidades que o mundo vai apresentando. Ontem foi isso que vi do lado do SIM e o verdadeiro oposto do lado do NÃO.
Não sou pessoa de dar força a movimentos sindicalistas sejam eles quais foram, não sou mesmo, e confesso que tenho até um certo preconceito em relação a certas medidas de chamada de atenção daquelas associações que lutam pelos direitos disto, daquilo, deste ou daquele, porque considero que muitas delas (não todas) por vezes, não trilham o caminho da forma mais correcta, provocando muitas vezes o resultado oposto aquilo que realmente se pretende. Em vez de conseguirem o respeito, o direito,a tolerância, provocam o choque, o caos e até mesmo a raiva no target que pretendem atingir. No entanto, no que toca a este assunto, hoje mais do que nunca tenho a minha opinião formada e exijo, enquanto cidadã de uma democracia e enquanto ser humano, que este assunto seja abertamente discutido e legalmente aprovado. É uma responsabilidade civil da qual ninguém deverá fugir ou alhear-se. Pois se hoje este assunto pode ser inútil e em nada alterar a vida de um sujeito, quem sabe se no dia de amanha, não terá um filho (a), um (a) sobrinho(a), um primo (a) ou um amigo (a) que precise deste voto de igualdade para serenamente dar um passo importante na sua vida, tal e qual como os heterossexuais: O CASAMENTO- e tudo o que a ele é inerente.
É que aqui na cabeça da amelie vai uma revolta tão grande depois de ontem ter ouvido tanta barbaridade por parte daqueles senhores do NÃO....meu Deus, como é possível em pleno Séc.XXI existirem seres humanos com vontade de limitar a liberdade do próximo, quando essa mesma liberdade em nada afecta as suas vidas pessoais. Como?!
Sabem...é que os homossexuais também Amam! Amam muito. Os Homossexuais, para além de dormirem com pessoas do mesmo sexo, têm trabalho, pagam impostos, são amigos,têm heranças, pagam casa, são filhos, têm sonhos, têm carácter, choram , riem, brincam. São Pessoas. E claro está que existirão com certeza homossexuais que não trabalham, que não pagam impostos , que não têm amigos, que não tem sonhos, que sejam mau carácter, que não choram, que não riem, enfim...que não amem.Mas não existem heterossexuais assim também? Então porquê tanto medo? Tanta arrogância e intolerância. O mundo precisa de pessoas Felizes!
Na 2ª feira quando cheguei a casa, exausta...apetecia-me aconchegar no regaço de alguém.Sabia-me bem amar e ser amada.Apetecia-me ficar assim, lado a lado, com o um amante com um companheiro, com um amigo, acontece que me apaixonei por uma mulher há muito muito tempo e não escolhi. Aconteceu. Amei e fui imensamente amada.São coisas que se sentem e ou nós fugimos delas uma vida inteira ou então...então temos de lutar,lutar muitas vezes connosco próprios e lutar contra quem amamos. E lutar cansa.Lutar torna-nos amargos.Revoltados.
Acredito que se a lei mudar, com o tempo, as mentalidades também mudarão e o que hoje é moralmente julgado na sociedade, amanha poderá ser encarado com a naturalidade que a causa exige.
Amar alguém do mesmo sexo não é uma doença, não é uma escolha, não é uma aberração!
Doença, escolha e aberração foram as palavras cuspidas da boca daqueles senhores que se julgam seres geneticamente superiores!
Para mim ... ficou tudo bem mais claro! E olhem que eu...nem me quero casar :)
