26 abril 2010

25 de Abril de 2010

O dia passou. E passou-se bem. Casa cheia. O avô veio almoçar e trouxe com ele a dor da perda de uma companheira de vida. A sua mulher, a sua amiga,a nossa avó Mariana.
Nós arrancamos-lhe sorrisos e ele lá os foi soltando, distraído.
O mano fez favas para todos e estava radioso, tal e qual uma criança.
A mãe, estava tal e qual um copo de cristal. Linda, de sorriso no rosto e orgulhosa de tudo aquilo que somos,os dois. Sentimos tudo isso nela e sentimos tambem que, tal e qual como um belo copo de cristal, a um toque mais brusco, quebraria.
Curioso, constatamos hoje, os dois, que as nossas duas avós partiram no mesmo mês e com a mesma idade. Separam-nas, na sua hora certa, três anos.
Mas muito mais é o que as separam nos nossos corações.
Não é que queira comparar o incomparável mas este facto vinca a minha certeza que amamos as pessoas pelo que elas são na nossa vida e não por o grau de parentesco que nos unem.
Amamo-las por tudo aquilo que elas deixam em nós e por tudo aquilo que levam de nós.
Para mim é esta a história dos afectos.
Ambas foram minhas avós nas mesmas condições biológicas e amei-as , porque assim é suposto mas a avó Maria deixou e levou muito mais.
Hoje cumprem-se três anos desde que nos deixou. A sua falta é sentida por todos e todos sabemos disso.Talvez por isso o mano tenha organizado este almoço.
Pela primeira vez passamos este dia juntos, em familia, pela primeira vez a mãe conseguiu passar este dia em casa, na casa que é minha hoje mas que durante uma vida foi nossa. E dela tambem. Uma casa cheia de recordações, um casa cheia de vida, cheia da nossa vida!
Depois de almoço fomos as duas pôr uma flor bonita e alegre ao cemitério. Sentamo-nos e recordamo-la,as duas. Não choramos.
A minha mãe estava com o coração cheio e eu... estou feliz.
Aceitar a morte de alguém que amamos profundamente é um processo e só ao processa-lo com êxito conseguimos eternizar na nossa alma as vidas fisicamente acabadas.
Tu vives em mim e onde quer que estejas, quero muito que saibas que estou feita uma mulher responsável mas que continuo a ter a sede de viver de uma criança, muito, muito feliz.
Obrigada por nos teres ensinado aos três que o mais importante nesta vida é o mais simples:
é vivermos todos os dias para sermos felizes!
Descansa a tua alma.



1 comentário:

YeuxdeFemme disse...

Esta história de emocionar (à séria!) as pessoas, não se faz, ok?

E mais repito.
Adorei, adorei, adorei!
:)