21 abril 2010

O Facebook e a Nostálgia

O Facebook foi a inovação tecnológica social que mais me agradou até hoje. Há quem diga que é brega, que é um fenómeno estúpido, um vicio "virtual" que rouba o tempo da vida que, deve ser vivida. Engraçado é não ouvir com tanta frequência que, na maior parte dos casos, rouba é o patrão que nos paga o ordenado, mas enfim...cada um analisa da forma que mais lhe convém. Tenho aprendido através do método empírico que tudo nesta vida, tudo aquilo que é demais faz mal, ou melhor, não é saudável e por isso, sim, para aqueles que se esquecem de "a" viver, aconselho a fazerem o "offline" o mais urgentemente possível, pois a vida "lá" fora continua, sem sombras de dúvida, a ser deveras mais interessante. No entanto, para mim, para o presente que vivo, o facebook ajuda-me. Ajuda-me bastante a encurtar distâncias físicas, ajuda a manter-me ligada aos pequenos nadas que unem os amigos, tal como fazíamos nos tempos de escola, em que a nossa presença era constante e que as conversas emergiam da necessidade de evitar o silêncio.Fazíamos parte da vida uns dos outros, e sem o "nós", os dias não tinham piada nenhuma. Há medida que crescemos, é normal, dizem, as prioridades (re)definem-se e o tempo é contada para tudo e a vida a pouco e pouco vai-se limitando ao trabalho, à casa, aos filhos, à familia e de vez em quando lá permitimos sentir aquela nostalgia desses nossos amigos, desses nossos tempos e lá nos vamos encontrado, entre o aqui e o ali. Sinceramente, não me vejo inserida nesse prototipo de pessoa, mas entendo que a maior parte assim o seja. Cada um deve ir de encontro ás suas necessidades, aos seus desejos e não julgo nem um pouco que seja mais feliz do que os restantes, pois viver como eu vivo também tem as suas consequências. Mas eu gosto. Hoje, através do facebook, foi-me permitido recordar uma parte de mim, da minha vida, da minha mais profunda intimidade. Hoje permito-me entregar ao estado nostálgico que há muito tempo deixei para trás... São estas coisas bonitas que o facebook me dá. Um amigo de escola, daqueles que ficam para sempre cá dentro mesmo depois das vidas tomarem percursos completamente distintos e que voltamos a reencontrar no facebook, publicou um álbum com fotos nossas. Assustei-me quando vi a data daquelas nossas férias pioneiras. Passaram-se 11 anos... e eu consegui sentir tudo aquilo que (re)vi. Fomos um grupo fantástico, e há 11 anos não sabíamos o que nos unia, não sabiamos o nome das coisas, mas hoje eu soube. É a cumplicidade. Foi a cumplicidade que nos definiu como amigos e que nos permitiu criar estes laços, que, passados 11 anos fizeram com que um de nós se desse ao trabalho de digitalizar uma quantidade de fotos e as publica-se, para que nos recordasemos como fomos felizes e quem sabe, para não o esquecermos. Hoje, estão uns para cada lado, uns mais próximos outros mais distantes mas não duvido que não tenhamos todos sentido o mesmo ao rever aquele álbum. Foram as melhores férias da minha vida. Ali, naquele sitio, a seguir aquelas, passaram-se muitas outras, mas aquelas foram as primeiras. De todos eles, sou talvez a que mais história trago comigo de tudo aquilo. Eu e mais outro. Tudo aquilo se construi através de nós e igualmente tudo se destrui por nós. Não lamento nada, é o ciclo da vida,tinha de ser assim, eramos jovens, muito tenros, cheios de curiosidade sobre a vida e ainda assim fomos uns duros... Ali vivemos intensamente o nosso primeiro amor. O meu e o teu. Recordo como se fosse hoje o "não" que a minha mãe me deu. Não queria que eu fosse para a tua casa de férias... foi a tua mãe quem a convenceu e nessa noite, depois de finalmente ouvir o "sim", quase não dormi. Hoje entendo todos os seus receio, mas na verdade, não faziam qualquer sentido. Já tínhamos a nossa história, a nossa cumplicidade já estava conquistada fazia tempo e eu só pensava era na paródia que seria "nós" todos em Montargil, meu deus! Que felicidade! Eramos muito maduros para a nossa altura, sabias? Temos muito poucas fotos nossas no álbum , essas eramos nós que tirávamos e eu tenho-as comigo. Tu ficas-te com outras tantas. Não me recordo da ultima vez que olhei para elas. Guardei-as numa caixa, que um dia finalmente consegui fechar. Hoje a nostalgia apoderou-se de mim como um monstro. E eu não me importo nada. Não há dor nenhuma. Há sim a confirmação de que já vivi alguma coisa. Falta-me tanto, falta-me ainda quase tudo, mas é bom constatar que o que vivi foi bom, foi forte, deixou recordações em todos com quem me cruzei e nisso sou uma afortunada. Se há coisa que eu sei que tenho nesta vida, são amigos. Não são os 200 que tenho no facebook, mas tenho alguns. E estimo-os, pois para mim, a amizade é o sentimento mais nobre de todos. Ela está em todas as nossas relações. Os tempo que hoje voltamos a recordar deixaram-nos saudades porque fomos felizes e se isto é a nostalgia, então quero ser nostálgica o resto da vida.

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