01 outubro 2010

O caminho de volta

I

Eu não sei mais o que fazer para te dar o melhor de mim. Quando dou, não o reconheces, ou melhor, não me reconheces. Como fera ferida, fujo.E hoje, já nem ataco, limito-me a partir para ir para a minha zona de conforto: a Selva.
Sabes porquê? Porque na verdade, hoje a selva parece-me um lugar cada vez mais equilibrado.Lá, cada espécie cresce à sua velocidade, cresce consoante as suas necessidades, ambições e limitações.Lá, todos vivem harmoniozamente com as suas diferenças, respeitando espaços,erros, decisões e hoje em dia, lá, na selva, até já sabem perdoar. Imagina...
Estou mesmo muito cansada da tua casa perfeita. Arrumada, limpa,sozinha, longe dos bichos, dos rios, das tribos, na verdade, longe da vida, a vida,aquela que ninguém sabe como tem de ser vivida.
Estou cansada do teu constante desagrado com a vida.Estou triste com a tua descrença.
Sabes, é que já levo quase metade da minha a tentar arranjar a tua.
Começo a ter alguma dificuldade em confiar em ti. E sabes que em ti, confio a vida. Ainda.
Tão bem deves saber que é à selva que pertenço. Foi lá que me encontras-te. Assim, tal e qual como uma espécie do meu habitat, no dia em que não te confiar a vida, não vou conseguir ficar.
Jamais te deixarei pois és parte da minha identidade e não me arrependo de nada. Nada.
Faria tudo de novo. Talvez seja essa a diferença. E tenho-te um amor muito maior que a fugacidade de uma paixão intensa. És mais, muito mais do que isso.E isso ,na selva, é tanto...
Hoje vim de lá, correndo descalça, para tentar lembrar-te de quem eu sou, de onde vim e para onde provavelmente irei, mais dia menos dia.
Porque nós somos da nossa essência e quanto mais me afasto do teu bairro moribundo mais sinto que tambem tu, no fundo, gostas é da selva.
Sabe que serás sempre bem vinda. Só tens de aceitar e de (re)aprender a amar.Se tu quiseres, eu ainda te consigo ajudar.
Não demores é muito  a decidir, porque  a mim tambem já me começa a faltar o TEMPO.
E por favor, pára de me magoar,não aguento muito mais essa tua intelegência emocional burguesa.
Eu só quero voltar para casa, em paz...

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