02 novembro 2009

Manhã de sábado

Senti na pele a capacidade extrema de egoísmo de que fui capaz. Vi a dor nos olhos dela. O desespero que a apoquenta, a ansiedade que a acompanha e o quão perdida caminha.
E doeu-me a alma quando me disse na cara que a culpa de tudo isso era minha.
Cuspiu-me o egoísmo, a carência de amor próprio cravada nas suas entranhas e a responsabilidade que temos por todos aqueles que cativamos.No meu caso, da responsabilidade que não tenho.
Exigiu-me. E como eu odeio que me exijam.
Maltratou-me.
Soubessem os meus amores o quanto os estimo e entenderiam que jamais usei qualquer um deles.
Soubessem eles também um pouco mais de mim e entenderiam que é minha companheira essa dor que dizem acompanha-los todos os dias, desde o dia em que parti das suas vidas.
Conheço bem essa menina "dor".Trato-a por tu. A diferença é que me sento,amigavelmente, à mesa com ela. Deixei-a ficar na minha "casa" e juntas aprendemos a crescer e a viver. Hoje, ás vezes até sorrimos.
Só que vocês, vocês não sabem de nada de mim...
Quem dera ter a coragem de gritar bem alto que para partir é preciso chegar.
Cuspir-lhes eu, na cara, que na verdade EU NUNCA CHEGUEI!
No meu coração, pior é a dor de não conseguir chegar que a dor de não conseguir partir!
Mas não sou capaz. Não é essa a minha essência.
Limito-me então a desaparecer se assim a vida te é mais fácil.
Olho-te uma ultima vez e acredito que, o tempo te dará o tempo suficiente para me aceitares, tal como sou, nem mais nem menos.
Nunca prometi nada. Nunca te sussurrei palavras de amor. Limitei-me a tentar chegar...
Se isso é maldade, então sim, sou um ser maldoso, mas deixa-me pois eu não abdicarei de mim. Se paro agora, morro!
Sabem qual é o meu problema meus queridos ex-amores? É incomodar-me com a vossa dor.
Na vida, ao longo do caminho, todos vamos tendo os nossos encontros e os nossos desencontros, cabe-nos a nós a árdua tarefa de os gerir da melhor forma possível, retirar deles o que nos enche a alma e deitar fora tudo aquilo que nos entope os poros.
Desculpa....mas eu não tenho culpa.
Essa raiva que guardas dentro de ti, hoje,ameniza-te a dor, não é? Manda-a cá para fora, eu não te cuspo em troca, na cara, mas aviso-te: tenho de estar longe.
Não te procurarei mais. Quando ela passar saberás onde encontrar-me.

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