13 fevereiro 2011

Nova Roupagem, para ti e para mim, Mafalda.

Poderia ter-me dado para escrever sobre outra coisa, aliás, o que não falta actualmente são assuntos para rabiscar, talvez fossem até mais interessantes. Acontece que este não é um espaço para ser interessante.
É um espaço que é meu e portanto, tal como eu, tem fases como a Lua. Umas vezes cheia, outras vazia.
A Mafalda...
Fui invadida por uma vontade genuína de dissertar sobre a Mafalda. Desta vez, não sobre a minha tambem adorada Mafalda do "Quino" mas sim a outra, a Veiga.
Sobre o que ela escreve, sobre o que ela canta e sobre a capacidade brilhante que tem de retratar histórias, as nossas histórias.
Sinto cada palavra que ela trabalha, pois na verdade, durante a minha longa e feliz adolescência julguei-as sempre minhas,só minhas. Hoje já sei que para além de não serem minhas, serem dela, são também de outras milhares de vidas sedentas de Humanizar a sua existência.
A melodia da Mafalda, mesclada na autenticidade da sua composição simplista e das palavras tantas vezes difíceis de ilustrar acompanharam-me em tempos idos, na mais bela história da minha vida, aquela que me levou ao encontro comigo própria.
Fazendo parte de um grupo de amigos com um ouvido bastante ecléctico, nunca foi fácil entenderem porque raio respeitava eu, tanto, esta artista portuguesa, feia, feinha, cheia de drama e com voz de cana rachada- era assim que a descreviam os meus adorados amigos. Mal faziam ideia da vida que ela espelhava em mim, pois ás vezes, nem sempre aqueles que nos são mais chegados e queridos, são os que sabem verdadeiramente da nossa vida. Dos nossos lugares secretos, sombras escuras , sois radiantes e cascatas promiscuas, pelas quais tão intensamente viajamos. Não, eles não sabiam... nada.
Volvidos alguns anos e depois de tanto tempo de ausência que a Mafalda teve na minha vida, descubro hoje a "nova" roupagem que a Mafalda colocou nas suas músicas. Naquelas músicas. E não me é indiferente, pois mais uma vez, o timing. O timing da Mafalda na minha Vida. É que tambem a minha enverga nos dias de hoje uma "nova roupagem". Tal como ela, senti a necessidade de trabalhar os conteúdos de uma outra forma.
Não sei o resultado. Nem os da Mafalda, nem os meus. Mas foi urgente transformar. Transformar um passado, que por mais perfeito que seja, como um passado deve ser, chegou ao fim. Acabou.  
Agora há um presente e certamente haverá um futuro e em nenhum deles desejo esquecer-me de tudo aquilo que vivi! E nessa transformação este é o processo mais difícil.
E assim, com uma "nova roupagem" vou vivendo, continuado sempre à procura da Humanização da minha existência, aquela que não permitirei nunca que me roubem. E esta noite,  fiquei assim, imóvel, aninhada no embalar da Mafalda e a pensar que esta, está a ser de facto, uma viagem diferente...  e eu quero que assim seja.

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