14 fevereiro 2011

Segredinhos de Familia

Nunca te julguei por nada. Talvez, numa fase que é normal os adolescentes passarem, senti-me vítima de uma situação que não queria para mim. Mais tarde e com a sabedoria com que a vida nos brinda, entendi que a linha é sempre ténue e que as escolhas devem ser sempre nossas. Só assim o mundo se equilibra.
E tu fizes-te as tuas. Elas transformaram a nossa vida, mas não necessariamente para pior. Eu julgo, hoje, que foi melhor assim. A minha mãe não seria a mulher que é hoje se contigo continua-se casada, eu teria tido muitos problemas contigo, devido ao feitio que tenho e à forma libertina como sempre vivi  e quis viver a minha vida. Nunca terias tido a coragem de confiar em mim, como teve a minha mãe. Nunca. Pois melhor que ela, sabes as tentações que habitam "lá fora" e irias sempre ter tendência para espelhares os teus erros, em mim.
Ainda assim, a partir do momento que adquiri alguma maturidade emocional, evitei sempre o conflito, o drama. Aceito-te como és. Sou uma mulher bem resolvida em tudo o que a ti e á nós diz respeito. Habituaste-me à ausência e devias saber, pela bagagem que já levas da vida, que o coração, principalmente o de uma mulher, enrije-se e aprende a defender-se daquilo que o fragiliza. Mas tambem devias saber, que sou do bem  e que gosto muito de ti, o suficiente para não querer saber se falhas ou não. Daí não perceber o que hoje me chegou aos ouvidos. Creio, que te estás a deixar vencer pela  vida. E és um parvo. Jamais me afastarei de ti. Limito-me a ser e a agir como sempre agi, deves é estar a ter uma crise de meia idade, só pode!
E há outra coisa não é... ?Hoje que se comemora o amor de uma forma tão mas tão obrigatória, aproveito para expressar a minha vontade cada vez maior, de te alertar para o facto de passados 20 anos, ter a certeza que não gosto da tua mulher. Não te chega nem aos calcanhares. Durante todos estes anos, a minha ingenuidade e vontade de termos paz, nunca me premitiu ver tantas coisas... hoje e porque senti na pele a sua insignificância humana, gostava de te dizer que não gosto dela. Mas enfim..talvez tu tambem não gostes da minha. Assim como eu tenho pena por ti, talvez tu tambem tenhas pena por mim. E mais uma vez, a vida é assim... recheada destas linhas ténues que para uns faz sentido, para outros, nem por isso.
Não tenhas medo, serás sempre o meu PAI. E quando tiveres coragem de chamar por mim, na minha cara, eu irei, como sempre, na paz.

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