08 novembro 2010

De um conto...

I

Tu não dizes que me amas mas eu sei que ai dentro, eu vou viver, sempre e para sempre. Escondes-me. Apagas-me num canto sem encanto que inventas com as minhas formas deformadas.
Outrora, olhar-me de fora, seria impossível, as paredes eram forradas de espelhos.
A imagem assustou-me. Assustou-me tanto, que cheguei a entrar no castelo do desespero, onde a acção não existe. Apenas o medo e a necessidade de te julgar a única capaz de me mostrar a saída.
Falso.... tão falso.
Tu guardas-me aí, nesse canto sem encanto, porque te falta a coragem de assumires que me amas exactamente da maneira que sou, com todos os encantos que te encantam. E tens medo, tanto medo.
Eu deixava-me ficar, pois sentia na carne e na alma, o prazer, na hora em que chegavas.

Agora que já sei que há, aqui, muito mais que isso, não deixo de sentir o quão forte foi este sentimento que construimos e protejemos com muralhas de água cristalina.
Eu continuo a ver-te. Agora sem espelhos. Olho-te e vejo-te, atenta.
Não sou o que queres que seja e no entanto eu, tenho por ti ,um amor enorme.Na medida exacta daquele que guardas ai dentro para mim. Para mim e só para mim.
A chama apaga-se com a lentidão do tempo que já levamos e agora entendo que um amor assim, só assim pode viver: no meio termo e nunca na sua plenitude.
Não te choro mais. Não nos lamento mais.
Somos aquilo que queremos.





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