28 dezembro 2010

Dois Rios

Não tenho escrito palavras. Falta-me o poder descritivo para ilustrar a vida tal e qual como ela é, como ela está, como ela segue. A correr, intensa, delicada, real, difícil, ambígua, amante, sôfrega, feliz e amada.
A um dia de uma data que me é especialmente especial sinto na pele os vinte e seis anos que me delineiam o corpo, que a pouco e pouco se vão expressando no rosto, e que como se de um eclipse de trata-se, me afastam de um tempo que sei que não voltará. Porque apesar das inúmeras argumentações que eu possa ter, na verdade, não o quero mais. E de uma forma muito peculiar, no meio de toda a felicidade que invade as minhas entranhas nos dias de hoje, isso dói.
Já não é mais melancolia. Julgo que abordo hoje, a saudade.
Falta-me uma etapa. A mais difícil de todas. E nestes tempos que passaram, em toda esta ausência, andei a arranjar o escudo para me proteger do ataque que eu sei, que mais dia, menos dia, vai chegar.
Sei lutar. Toda a minha vida lutei, mesmo quando não precisei.
Lutava pois era o que melhor sabia fazer. Hoje, no eclipse, sei amar. E será com o amor que vou para a guerra. Lutar contra quem mais amei, lutar para não perder a essência dos laços que se criam ao longo de 26 anos de vida. Para alguns, podem não ser nada, ou apenas duas dezenas e pouco mais de meia, insignificantes, do muito caminho que ainda se encontra por desbravar.Para mim, são tantos e tão maravilhosos que não os trocava por um crédito vitalício. Tratar-se-á da minha Guerra santa. Será?
Que Deus nos proteja neste campo, onde só tu vais querer erguer a espada, com razão. Ao contrário também eu a ergueria, não para te atacar mas para me defender. Não a ergas. Não para mim… Não te chegará o mundo, meu amor amigo? Escuta-me: Ainda há amor demais dentro de ti para isso. Procura-o.
E neste rio de duas águas, eu já fiz a minha escolha. Sem medo algum. Hoje, nem mesmo a tua espada me deterá. Não agora.
O que sinto a crescer dentro de mim é bom demais… e finalmente reflecte-se a harmonia da dor sentida da saudade e do fim que sabíamos que um dia iria chegar.
Lutarei por ti. Para que neste fim, seja descoberto um inicio.
Em consciência de tudo o que já vivi até aqui, irei pedir-te por favor, para me deixares ser feliz e para isso, preciso incomensuravelmente de ti. E tu, precisas de mim.




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